Socialização canina

O que é socialização? O significado dessa palavra é muito deturpado pelos leigos que se dizem experts no assunto. A maioria das pessoas que me procuram para que seus cães sejam treinados não sabem o seu significado nem a sua real necessidade. E, por incrível que pareça, a maioria dos cães possuem problemas.

Quando sou procurado para adestrar algum cão, logo pergunto se houve algum tipo de trabalho ou orientação nesse sentido, e a resposta é não. Em decorrência disso, com certeza, me deparo com algum tipo de problema.

O proprietário do cão nem sequer sabe da existência do período de socialização, que é a fase mais importante na vida de um cão, com início na 4ª semana de vida do animal, terminando entre a 14ª e a 16ª. Exatamente nessa fase o cérebro do filhote abre-se para colher informações do mundo em que irá viver. Também é uma fase propícia para potencializar a capacidade de aprendizagem do cão.

Essas informações devem ser colhidas da maneira mais branda possível, para evitar traumas, pois qualquer experiência negativa pode acarretar danos irreparáveis à personalidade do cão.

Irreparáveis por que qualquer trauma nessa idade NUNCA terá um tratamento que solucione 100% do problema, diferente de trauma adquirido após esse período.

Para entendermos melhor a situação, o cérebro do cãozinho funciona como um arquivo que se abre para colher informações, que são armazenadas em pastas, para que no futuro sejam utilizadas, não importando se são boas ou ruins. Ao término do período, esse arquivo se fecha e a chave é jogada fora e, dessa forma, as informações ali armazenadas ajudarão esse cão a sobreviver.

Quando esse cão passar por situações no seu dia-a-dia, seus sentidos, sejam eles quais forem auditivos, visuais, olfativos etc., colhem informações que serão mandadas para seu cérebro, para serem cruzadas com as obtidas durante o período de socialização. Ao procurar e não encontrar informações sobre um determinado tipo de experiência pelo qual está passando, o cão se deparará com uma pasta vazia, onde estará escondido o medo. Conseqüentemente, esse processo desencadeia uma descarga de adrenalina muito grande no organismo do animal, podendo provocar problemas gástricos.

Para evitar esse tipo de problema que é tão comum nos cães, digo comum, pois é muito freqüente ver um animal com medo nas ruas, reagindo de forma excessivamente assustadora ou agressiva com outros de sua espécie, carros e até mesmo contra os seres humanos, é fundamental que o dono procure um profissional com especialização comprovada, que saberá como orientá-lo de forma adequada.

É preciso ter muito cuidado com curiosos e supostos experts no assunto, pois uma má orientação poderá marcar toda vida do seu cão.

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